As aventuras e as desventuras da Fausta Paixão
Já sou conhecida pelos meus fracassos com os homens. Na verdade assim tem sido e, não obstante eu tentar, por todas as vias possíveis, ter conhecimento de tais estranhos seres da criação, não há maneira de me convencer de os ter entendido nas suas prosaicas maneiras de estar na vida.
Vejam só o que me sucedeu com o Bento Matos. O nome já de si é foleiro, ninguém se chama Bento nos dias que correm e este nada tinha de abençoado, como poderão comprovar pela descrição do seu mais estranho fetiche. É que o Bento, depois de ter feito uma cena à mesa que me deixou um pouco repugnada, sorvendo a sopa e palitando os dentes com a unha do mindinho, desafiou-me para um serão em casa dele. Mas antes o danado teve a lata de me pedir que pagasse o táxi. Estávamos bem bebidos e nenhum de nós se aventurou a pegar no carro; aliás só bem bebida me sujeitaria a entrar numa casa que era um antro, mas isso eu não vi logo porque o Bento estava muito entusiasmado e não me dava tréguas. Dizia que tínhamos que ficar bem comidos, para a concordância ser perfeita. Só que, para atingirmos o clímax, dizia ele, tínhamos que entrar na casa de banho.
Cenas de banheira e de espuma por todos os poros já eu conhecia. E gostava. Mas ali, o que o Bento Matos me pediu foi um pouco mais estranho.
Na sanita???!!!
…e foi assim que acabei a noite, sentada sobre as pernas musculadas e peludas de um gajo que, pelo que me confessou depois da cena, só sentado na sanita é que conseguia ter ritmo para uma explosão dupla: a do gemido associado aos meus suspiros e a do alívio de se libertar, em simultâneo, da prisão de ventre que lhe amargurava os dias.
Fausta Paixão
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