fevereiro 26, 2007

10º
Dias mascarados de anos.
E ele partiu com preeminência. Naquela manhã de Inverno. Partiu, pronunciou palavras em gesto de despedida. Uma vontade incontrolável de o calar invadiu-me. Mas da sua boca apenas saiu um adeus. De mim, apenas se libertava um torrente de murmúrios. Ele o pólo positivo, eu o negativo. A atracção perfeita. Eram sonhos, apenas sonhos. Ele não era íman, era matéria, era sangue, era pessoa, provavelmente mais que isso. Era poesia, prosa, paixão...aliás, ainda o é. Podia jurar que era Deus. Não o fiz, Deus não existe. Dias de tormento, uma luta constante contra o tempo que teimava em não passar. O mesmo chão, o mesmo caminho, tornaram-se incrivelmente distintos. Faziam falta os seus passos. Os risos quase desapareceram, uma frieza temporária roubou-lhes o lugar. Um fragmento da vida, uns dias, mascarados de anos, o tal espírito Carnavalesco. Uma autêntica eternidade. Mas finalmente chegou ao fim. Mais umas horas de espera esmagam a saudade. O tempo torna-se tão dócil, e eu espero e desespero por rever aqueles traços, aquele olhar, aquele sorriso, aquelas coxas, e poder tocar como se fosse a primeira vez.

Por: Patareca

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