fevereiro 24, 2007


Não sei se foi por acaso que, com um gesto aparentemente furtivo, afastaste um pouco a saia, deixando que aqueles fragmentos das tuas coxas, que apenas costumas deixar entrever a quem tem preeminência especial, fustigassem, como uma torrente o meu olhar já atraído como um íman. Naquele momento, no meu corpo, apenas matéria animal, o sangue circulou com mais força, canalizando-se, acompanhado de murmúrios ofegantes, para o local onde se concentra a paixão. Nem a frieza daquela tarde de Inverno conseguia ocultar os traços já visíveis da minha perturbação. Os risos e a prosa ocasional que se soltaram da boca, não disfarçaram a luta nada dócil que se travava no chão do meu instinto. Mas assim como os insectos que se esmagam contra a vidraça, as gargalhadas desdenhosas com que humilhaste o meu desejo, foram o chão onde ficou sepultada a minha sede de conquista, mais uma vez insaciada.

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