fevereiro 15, 2007

Leituras

"Deve deixar-se as unhas crescerem durante quinze dias. Oh, como é arrancar brutalmente da cama um menino que nada tem ainda sobre o lábio superior, e, de olhos muito abertos, fingir passar-lhe suavemente a mão na testa, puxando-lhe para trás os lindos cabelos! Depois, de repente, quando ele menos espera, enterrar-lhe as unhas compridas do peito mole, de modo a que não morra; porque, se morresse, não se teria mais tarde o espectáculo das suas misérias. Seguidamente, bebe-se o sangue , lambendo as feridas; e, enquanto isto, que devia durar tanto como dura a eternidade, a criança chora. Nada é tão bom como o seu sangue, extraído do modo que acabo de descrever, e ainda quentinho; a não ser as suas lágrimas, amargas como o sal.

(Isidore Ducasse Conde de Lautréamont in “Os Cantos de Maldoror” )

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