-Ainda na sala perdura o relógio de parede com o seu bater cardíaco bem característico, com as badaladas vibrantes a anunciar as horas com mais de um século. Os ponteiros em forma de seta continuam a percorrer os grandes números, sempre, sem parar. Com a chave dupla volto a dar corda ao mecanismo, e aos ponteiros, para que não pare de : tic-tac tic-tac tic-tac (o ponteiro dos minutos marcava 7, antes de se partir) . Não adianta dar corda ao mecanismo dos humanos que já pararam, não funciona. Que tempo marcariam os ponteiros quando o dono se foi ? Gosto de pensar que foi a esta hora, com estes minutos precisos. Foi assim que o encontrei, numa rua, abandonado. Nunca soube se o dono foi também assim abandonado, em vida, ou mesmo depois dela...
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