Chego ao inicio da rua, aquele passeio familiar cumprimenta-me, convida-me passar por ali uma vez mais... mas para quê...
A chuva, o vento, todo o universo parecia conspirar... sinto-me quase empurrado, quase obrigado a avançar... mas eu sabia.
Pesadamente avanço rua fora, os números das portas passam diante de mim. Num momento de insanidade um pensamento desperta-me os sentidos... "Estarias lá?" ... seria possivel que ainda me quisesses, seria possivel que tivesses esperado por mim...? Abanando a cabeça freneticamente tento que a realidade volte a prevalecer, esse pensamento esperançoso deveria cessar, deveria dissipar-se como nevoeiro em dia de sol, mas ele lá ficou inerte, persistente, envolvente...
Avisto o 50... tremo... por te sentir perto... por pensar que podes lá estar... não adianta, a esperança que sinto leva-me a avançar para ti, vou sofrer se não estiveres... muito mais do que sofri quando me disseste que ias embora...
O 52 finalmente aparece, diante de mim, a esperança em mim havia dado uma nova beleza aquela velha casa. Paro diante dela como nunca o havia feito, sempre com pressa, sempre de passagem, nunca a havia admirado convenientemente, mas agora sim, agora admirava-a porque queria que dentro dela estivesses tu. Tinhas que estar, tinhas que me ter mentido e ter ficado...
Subo rapidamente os degraus, uma injeção de adrenalina percorria-me as veias, sentia-te perto, tinhas que estar... bato suavemente tentando não demonstrar a minha excitação, espero... oiço ruido, a ansia de te ver toma conta de mim, não consigo pensar, só o coração perdendo a sua cadencia bate compulsivamente para te ver...
A porta abre, balbucio um... " - Ela está?"
A senhora de alguma idade confirmou-me o que no fundo eu já sabia..."
- Não, no 52 já não mora ninguém..."
Texto enviado por: Jonnhy Anonymous Doe
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