novembro 08, 2008

(8ª parte)

Dentro de nós teriam de gerar-se milhares de sensações que nós, habituados que estamos a uma dimensão limitada do tempo, nunca conseguiríamos imaginar. De modo que, pura esimplesmente, não sabemos o que nos é prometido quando ouvimos falar da vida eterna. Como é que seria continuarmos a ser nós próprios na eternidade, sem o consolo de podermos, um dia, vir a ser redimidos da obrigação de sermos nós próprios? Não o sabemos e o facto de nunca o virmos a saber representa uma bênção. E isso porque de uma coisa podemos estar certos: esse paraíso da eternidade seria um inferno. É a morte que concede ao instante a sua beleza e o seu pavor. Só através da morte é que o tempo se transforma num tempo vivo. Porque é que o Senhor, o Deus omnisciente, não sabe isso? Porque é que nos ameaça com uma imortalidade que só poderia significar um vazio insuportável? (continua)

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