março 25, 2009

Vá-se lá saber porquê!



Faço tensão de todas as noites .
Sentar-me de frente para o mar.
Deixar nas minhas costas a cidade adormecer.
Sintonizar-me no eco do vaivém das ondas.
Eu, o areal, o mar, e algumas rochas.
O piscar de olho do farol, as traineiras ao longo.
Descobrir constelações no céu nocturno.
Basta-me o que a vista alcança.
Por vezes, basta-me isto.

Não quero o marketing irritante das Vitrines decoradas. Nem o ruído dos automóveis e a poeira dos escapes. Não quero esplanadas cheias de “gente ci-vi-li-za-da”. Nem palmadinhas nas costas só porque fica sempre bem. Não quero Praças enfeitadas em dias de festa. Nem sorrisinhos de Presidentes disto, daquilo e dacoloutro. Mais as Senhoras Finas “humildes e educadas” que se passeiam com seus lulus enfeitados a largarem os cócos no caminho.
“Ah! Coitadinho, apeteceu...”
Contra os cocós! Marchar! Marchar!
Contra os cocós! Marchar! Marchar!
Não quero abortadeiras gananciosas à espreita no vão da escada. Nem bebâdos deitados no próprio vómito, ainda de garrafa na mão. Camas de cartão debaixo das sacadas. Copos de plástico, latas, papéis e beatas pelo chão. Não quero mais uma cidade dessarumada. Não quero nada disto.
Lavem-me esta cidade!
Porra !!!!
Faço tensão de todas as noites.
Sentar-me de frente para o mar.
Esquecer de vez a cidade nas minhas costas.
Sintonizar-me no eco do vaivém das ondas.
Eu, o areal, o mar, e algumas rochas.
O piscar de olho do farol, as traineiras ao longo.
Descobrir constelações no céu nocturno.
Basta-me o que a vista alcança.
Por vezes, basta-me isto.
Vá-se lá saber porquê!

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