“- Oiça, se isto lhe parece uma parvoíce, eu calo-me.
- Pelo contrário. Falar é de ignorantes; calar é de cobardes; ouvir é de sábios.
- Quem disse isso ? Séneca ?
- Não. O senhor Braulio, que é gerente de uma casa de toucinhos na Rua Aviñon e possui um dom proverbial tanto para os enchidos como para o aforismo apropriado.”
In: A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón
O Sr. Braga da mercearia da minha rua também era assim. Tinha sempre uma frase para dar juntamente com o meio quilo de cevadinha, ou com o troco. As pessoas gostavam e agradeciam, e eu também. Certa vez ouvi o Sr. Braga dizer para um polícia que levava pelo braço um larapiozinho a chorar bába e ranho e, ao passar pela mercearia a caminho da esquadra o Sr. Braga aproximou-se dizendo: “Vá lá Sr. Agente, dê uma oportunidade ao catraio. Essa não é a vida que ele quer, só que ele ainda não sabe. E uma cela, não é o futuro que o senhor lhe quer dar.”
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