maio 10, 2009

Diz sim à dependência poética


Apenas fumo um cigarro por dia. No final do jantar. E faço-o porque digo sim à dependência. Faz-me bem aos pulmões e alma. Aconselho.

A Poesia foi escrita para emocionar sem entendimento. Ao contrário dos romances a poesia não tem um fim. Continua sempre dentro de ti. Inspira-te. Persegue-te.

A noite passada fumei este:

(...)
Que todos gritem que todos riam
E com clamor excedam seus
Pensamentos
Que neles um sopro não recorde
A idade ou a morte!
A absoluta juventude é agora e as pequenas dores
Que arrepiam as preenchidas veias
Aguçaam-se numa grande tilitante alegria
Que lhe faz alto antes que a saciedade venha.
Da mente afastai todas as coisas
Que não a carne e o dar o leite viril
Que a vida engendra!
Do encontrado excesso da vossa alma
Como a erva do chão
Arrancai grandes repiques de alegria!
Que o bramar do cio se deleite
Em riso ou voz
Como se toda a terra o céu ardente
E a trémula aragem
Um poderoso címbalo fosse!

Fernando Pessoa

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