janeiro 19, 2007

27º
Os seus cinco sentidos diziam-lhe para permanecer alerta o mais tempo possível, enquanto permanecesse naquela localidade do norte. A morte parecia rondar a vizinhança, o que se confirmava pelos 3 assassinatos ocorridos nas duas últimas semanas, sob o negrume das noites. Nem a voz do polícia que fazia a ronda nocturna e o seu eco o deixavam mais sossegado perante o que já tinha sido amplamente noticiado.
Os corpos eram deixados nos degraus duma soleira dum qualquer café, com as suas formas carnudas, redondas e desnudadas totalmente visíveis. Sexo parecia ser o móbil do crime. As vítimas, todas elas do sexo masculino, apresentavam arranhões no peito, marcas vermelhas nos pulsos e escoriações nas costas e nas nádegas. O corpo de cada uma das vítimas, espelho de atrocidades homossexuais, era também a tela de pele nua onde o violador decalcava com marcador a sua marca: o desenho de uma mão grande, com dedos longos, capaz de gestos íntimos e assassinos. A audácia deste ser não terminava aqui. A roupa dos alvos a quem tirava a vida era cuidadosamente colocada ao lado destes, em retalhos, com uma pedra por cima. Não havia quaisquer vestígios de sangue nem nas vítimas nem nas suas roupas. Sabia-se apenas uma coisa: ele atacava quando as noites eram invadidas pela água que jorrava torrencialmente já há um mês. E hoje era uma dessas noites e a sua casa parecia-lhe tão longe…

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