30º
De sem sentidos acordei. Morri? Não, a morte não pode chegar assim indolorosamente silenciosa. Simplesmente estava a dormir que nem uma pedra, fugido dos retalhos da vida, preso no negrume da consciência sem norte, vida sem audácia, gestos rotineiros do dia a dia, como uma tela pendurada numa parede branca em que todos os dias se olha e não se vê com olhos de ver, não se admira a forma, não se tem o eco de quem a pintou.Acordei com a mesma pele, admirei-me ao espelho, fiz gestos rápidos na vã esperança que o reflexo fosse mais lento. Acordei apenas de um sono profundo. Bebi um café, pensei em sexo e subi os degraus numa corrida desenfreada.
Por: Carlos Carranca
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