janeiro 11, 2007

DESAFIO
(Textos enviados)
Para não o embaraçar olhei assim de relance no espelho, a fotografar-lhe as formas, enquanto hidratava a minha pele com óleos afrodisíacos; queria que aquela noite fosse assim como… beber um café a transbordar de natas, ao fim da tarde, numa esplanada com vista para as águas da mais romântica Lagoa. Uma tarde que antecipava seguramente uma noite de sexo violento, daquele que faz qualquer um perder os sentidos. Seria audácia minha, talvez não me saísse bem diante daquela figura escultural, mas o negrume que saía do branco da camisa dava cá uma pedra à imaginação! Só numa tela! Não era possível que a realidade me destinasse tão venturosa delícia! Uma mulher até fica atordoada com o eco que sai de uma voz assim! Eu treparia todos os degraus para lhe chegar ao cimo, porque o cimo adivinhava-se lá no topo, e eu… obcecada pelos mitos, tinha de tirar a limpo, antes da morte, a verdade da coisa. Atrapalhada nos gestos, senti-me sem norte no momento em que ele me pôs as mãos em cima! Mas não me dei por vencida. Havia de o fazer em retalhos…
Se calhar pensas que perdi o Norte!
Era o que faltava era dar-te trunfos assim estampados na tela.
Não, não mudei de formas; apenas fugi da morte.
Conservo o espelho para relembrar o tom da minha pele
E se olhar bem no fundo dos gestos
Nada mais vejo senão o eco dos retalhos da má sorte.
Por isso recuso esse negrume,
Recuso a tua voz, a pedra que a tua mão guarda dia e noite,
Mesmo nas noites em que o sexo nos ligou à vida.
Coisa pouca, digo agora, e parto em busca de ouros sentidos,
Rumo aos degraus que me levam à superfície de uma água pura.
Audácia extrema este desejo de me espelhar em mim.
Venha o café! Não quero ficar assim.
Por: Elipse
Poema surrealista
Naqueles degraus com água
Onde a nossa audácia
Faz gestos com formas de vida,
O eco do nosso sexo
Na pedra, voz do espelho
Retalhos de uma tela
Cuja morte causa negrume na pele.
Apanhamos os sentidos
No café do Norte…
Por: Wind

Parei nas escadas
Pensei em ti
E no cheiro a sexo
Que ainda está em mim...
Contigo perco o Norte
Adoro-te de todas as formas

Olho-me ao espelho
Ajeito a roupa e suspiro

Sinto-te
Fecho os olhos...
Sinto o teu sexo a penetrar-me
A tua pele na minha pele
O eco dos gemidos
A voz rouca
A nossa audácia junta...

A água a escorrer pelo meu corpo
No banho que tomámos
Vislumbro esta tela
Como se de um filme tratasse
Por momentos esqueço os retalhos de uma vida...

Entro e sento-me
Peço um café
Olho para o seu negrume tom
Todos os meu sentidos vivem
A morte não é para mim
Por: Psique

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