"No 52...já ninguém mora !"
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O gato parou de repente e o rato aproveitou para fugir,
Fizeram o que faz toda a gente
Evitaram passar em frente,
Que daquele local, daquela soleira,
Nada de bom nunca viera ou houvera de vir.
No bairro de São Nicolau toda a gente conhece a Azinhaga do Mijo,
E a casa amaldiçoada fica no centro
Da antiga e outrora afamada Azinhaga,
Amedrontando quer homens quer bichos.
Mil e uma histórias se contam de boca em boca
Sobre o que aconteceu,
A quem àquela porta parou
E de como ficou
Quem àquela porta bateu.
Leonor costureira e Zé do Pêxe
Foram os últimos que lá moraram,
E foi a lascívia dela e os ciúmes do Zé
Que as pragas e maldições provocaram.
Um dia chegado da faina o Zé do Pêxe foi um banho tomar,
A mulher fazia um cortinado comprido
Com tanto e tanto tecido
Que dela só os braços e a cabeça
Dava para vislumbrar.
Do banho o Zé gritava:
- Oh mêlherrr aonde tá a porra da toalha?
Mas Leonor envolta no cortinado
Entretida e absorta
Não ouvia nada de nada.
Aparece na sala o Zé com o peixe de fora
Escorrendo água, zangado:
- Nã tenho toalha nem prra secarrr o pêxe.
Seco-me mesmo à merrda do corrtinado.
Leonor deu um grito mais que aflito:
- AI ZÉ! O CORRTINADO NÃO!
Mas já ele o puxara e ficara varado
Boquiaberto, o cu descoberto
Sentado
Caído no chão.
Debaixo dos panos de pernas abertas
Leonor estava nuinha em pêlo,
E entre as pernas escondia-se o rosto
Daquele ou daquela que a devorava
E de quem só se via o cabelo.
- Ah cabrra que m'apanhas no marr
E metes logo outrro gajo cá dentrroo.
E o Zé num repente pega no facalhão
E espeta-o nas costas da costureira
Que gostava de misturar
Que gostava de juntar
Trabalho com brincadeira.
Eis que de entre as pernas da já defunta
Um vulto gritando se ergueu,
Era a Cecília, beata convicta,
Mulher muito séria,
Mãe de cinco filhos,
Casada com o Matateu.
Cecília chorando e gritando arranca das costas do seu amor,
O facalhão que o maldito
Espetara tão fundo e tão mortalmente,
Como era agora a sua dor.
Tresloucada empurra o Zé num repente
Fazendo-o ficar caído no chão,
Agarra-lhe o peixe pelas guelras
Corta-o bem rente,
E agita no ar o facalhão.
E roga a praga que dita a sorte da casa
E lança para os ares a maldição:
- Todos os homês qu'aqui entrrarrem
Capados e êmpetentes, oh Zé do Pêxe
Como tu ficarrão.
E deitando-se junto à amada
Espeta no peito o facalhão.
Na Azinhaga do Mijo ecoa ainda a maldição,
E ao passar em frente à porta
Não há macho valente
Seja bicho ou seja gente,
Que não corra com medo de ficar impotente.
E quando quem do drama não sabe
Comenta olhando a soleira tão suja:
- Há gente muito porrca e com falta de cuidado.
Já virram a merrda, o lixo acumulado,
Ninguém alimpa aquela porra?
Há sempre alguém que baixinho, a medo,
Responde tremendo como que em segredo:
- Pssiuu…Nã fales tã alto. Nã m'alembres disso agorra.
O númarro 52 tá fechado,
Há muita tempo ninguém lá mórra.
Fizeram o que faz toda a gente
Evitaram passar em frente,
Que daquele local, daquela soleira,
Nada de bom nunca viera ou houvera de vir.
No bairro de São Nicolau toda a gente conhece a Azinhaga do Mijo,
E a casa amaldiçoada fica no centro
Da antiga e outrora afamada Azinhaga,
Amedrontando quer homens quer bichos.
Mil e uma histórias se contam de boca em boca
Sobre o que aconteceu,
A quem àquela porta parou
E de como ficou
Quem àquela porta bateu.
Leonor costureira e Zé do Pêxe
Foram os últimos que lá moraram,
E foi a lascívia dela e os ciúmes do Zé
Que as pragas e maldições provocaram.
Um dia chegado da faina o Zé do Pêxe foi um banho tomar,
A mulher fazia um cortinado comprido
Com tanto e tanto tecido
Que dela só os braços e a cabeça
Dava para vislumbrar.
Do banho o Zé gritava:
- Oh mêlherrr aonde tá a porra da toalha?
Mas Leonor envolta no cortinado
Entretida e absorta
Não ouvia nada de nada.
Aparece na sala o Zé com o peixe de fora
Escorrendo água, zangado:
- Nã tenho toalha nem prra secarrr o pêxe.
Seco-me mesmo à merrda do corrtinado.
Leonor deu um grito mais que aflito:
- AI ZÉ! O CORRTINADO NÃO!
Mas já ele o puxara e ficara varado
Boquiaberto, o cu descoberto
Sentado
Caído no chão.
Debaixo dos panos de pernas abertas
Leonor estava nuinha em pêlo,
E entre as pernas escondia-se o rosto
Daquele ou daquela que a devorava
E de quem só se via o cabelo.
- Ah cabrra que m'apanhas no marr
E metes logo outrro gajo cá dentrroo.
E o Zé num repente pega no facalhão
E espeta-o nas costas da costureira
Que gostava de misturar
Que gostava de juntar
Trabalho com brincadeira.
Eis que de entre as pernas da já defunta
Um vulto gritando se ergueu,
Era a Cecília, beata convicta,
Mulher muito séria,
Mãe de cinco filhos,
Casada com o Matateu.
Cecília chorando e gritando arranca das costas do seu amor,
O facalhão que o maldito
Espetara tão fundo e tão mortalmente,
Como era agora a sua dor.
Tresloucada empurra o Zé num repente
Fazendo-o ficar caído no chão,
Agarra-lhe o peixe pelas guelras
Corta-o bem rente,
E agita no ar o facalhão.
E roga a praga que dita a sorte da casa
E lança para os ares a maldição:
- Todos os homês qu'aqui entrrarrem
Capados e êmpetentes, oh Zé do Pêxe
Como tu ficarrão.
E deitando-se junto à amada
Espeta no peito o facalhão.
Na Azinhaga do Mijo ecoa ainda a maldição,
E ao passar em frente à porta
Não há macho valente
Seja bicho ou seja gente,
Que não corra com medo de ficar impotente.
E quando quem do drama não sabe
Comenta olhando a soleira tão suja:
- Há gente muito porrca e com falta de cuidado.
Já virram a merrda, o lixo acumulado,
Ninguém alimpa aquela porra?
Há sempre alguém que baixinho, a medo,
Responde tremendo como que em segredo:
- Pssiuu…Nã fales tã alto. Nã m'alembres disso agorra.
O númarro 52 tá fechado,
Há muita tempo ninguém lá mórra.
Texto enviado por: Encandescente
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