Passei naquela rua vezes sem conta, e sempre que passava no número 52, o aroma a café, o som do piano, faziam-me ficar sentada em frente, na soleira, a deliciar-me com a imaginação...
Imaginava que naquela casa vivia alguém tão belo como a música que entoava sempre que por lá passava, imaginava que ele tocava para a sua amada e que no fim ela lhe retribuía a gentileza com um beijo e um abraço. A minha família mudou-se e deixei de passar pelo número 52. Anos mais tarde conheci quem vivia no nrº 52 da rua de Santiago, a rua dos meus encantos. Era um casal já idoso mas cujo olhar transmitia paz, serenidade e uma bondade extrema. Hoje passei por lá e vi um letreiro “vende-se”... e chorei chorei... pois a música já não entoa, o aroma já não acorda os meus sentidos e no 52 já ninguém mora.
Texto enviado por: Psique
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