Este Galo canta há mais de um século, dizem. Se isto é verdade temos que o silenciar, porque começar a tentar sobrepor-se às nossas tradições e às melhores coisas que conseguimos levar da vida, é um poucochinho exagerado, não? Um prato de bacalhau com batatas regado com azeite galo não se assemelha a uma boa queca, nem por sombras.
A luz arroxeada com pálidas colorações argênteas da cidade, naquela alvorada, levaram-me a sair pelas ruas com o meu pai, num passeio inesquecível, com um amigo que eu sabia que andaria sempre a meu lado. A mão dele no meu ombro, áspera e acolhedora, leva-me a sentir à distância, a espuma das ondas que quebram violentas contra a suavidade das rochas cravadas ao longo das praias portuguesas, onde o sol de inverno, em tonalidades inesquecíveis, me inunda de memórias que não se comparam com nada deste mundo. A poesia sonora da guitarra portuguesa ouve-se ao longe, num gemido esculpido por gigantes abraçando as ruas de Lisboa. Se me sabia bem agora uma alheira ou uma posta de bacalhau? Até que sabia, mas porra!!! Vamos medir bem as nossas prioridades.
Por: Paulo Vinhal
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