janeiro 08, 2008

Texto VI

Analfabeta-me

Tirem-me o A de todos os Amores vividos e por viver, o B dos beijos, a ver se me importo;

Tirem-me o C da Cama que levam também o C dos Cornos;

Tirem-me o D dos dias felizes ou o E dos Encontros que encontrarei outras formas de enfrentar a vida.

Tirem-me o G de todos os Gostos e eu arranjarei desgostos abençoados;

Tirem-me o H da História que às vezes me enfastia de tanto a saber de cor, o I das Ilusões efémeras, o J de todos os Jogos com falsas terminações e o L da Libido dos sábados à noite e eu terei todos os outros dias da semana.

Tirem-me o M das Melhores sensações que levam também o M dos piores Males.

Tirem-me o N das Noites mais suadas ou o O dos Ódios que nunca guardei para depois e eu suarei durante os dias mais gelados.

Tirem-me o P dos Prazeres benditos e eu converterei os malditos em satisfação.

Tirem-me o Q de todas as Questões impertinentes; o R dos Restos, o S da Sarna que em certos dias arranjo para me coçar.

Tirem-me o T de Todas as Tentações e eu tentarei tornar-me Tentadora.

Tirem-me o U do Último dia que preciso Urgentemente de adiar e o V das Vitórias mal digeridas.

Tirem-me também o X dos Xaropes que não curam e o Z das Zangas que nunca melhoraram.

Porém… deixem-me o F.

Depois de me tirarem todas as letras não poderei mais ser eu. Só me resta pois um grito: Fooooooda-se!!!!!!!!!!

Por: Fausta Paixão

1 comentário:

Mónica disse...

brilhante :D

parabéns Tozé pela mobilização de alta qualidade, que metem o anúncio num buraco