maio 27, 2008

Azul em descoberta

Pararam os dois a olhar para aquela janela fascinados como crianças gulosas numa casa de brinquedos.
Pequena como se de um sonho se tratasse, rústica como se tivesse proibido o tempo de lhe tocar, adormecida à sombra do colmo seco e escondida naquele azul de um oceano profundo e sem mágoas prendeu-lhes a atenção.
Entreolharam-se e sorriram como se adivinhassem os pensamentos um do outro e pé ante pé, como caçadores furtivos de sonhos, espreitaram por entre a margem aberta da renda gasta…
Conheceram os recantos, como se ali já tivessem estado, adivinharam o espaço como se parte deles fosse e sentados no banco que ladeava a pequena janela sentiram que naquele momento descobriam uma vida incompleta que já tinham vivido mas que lhes dava agora uma oportunidade única de mudarem o final.
Até porque importante não é o eco das tempestades que abafa as vozes, mas sim os sons do reencontro na calma que advêm a esses trovões.
E deixaram-se invadir por esse azul que os transportava para um horizonte longínquo entre o céu e o mar desenhado no verde desse campo em que se (re)descobriram.
Desafio aceite por Carla

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